Conheça as vantagens desta técnica cirúrgica e saiba quando ela é indicada
A cirurgia robótica é uma técnica minimamente invasiva que utiliza a combinação de um robô de alta tecnologia — com braços mecânicos articulados de alta precisão —, uso de microcâmeras de alta definição (que transmitem imagens ampliadas das estruturas corpóreas em três dimensões) operadas pelo cirurgião especialista e pequenas incisões na paciente.
Essa tem sido uma opção para tratamentos de várias especialidades, inclusive na ginecologia. No texto a seguir, trazemos as principais informações sobre a cirurgia robótica.
Quando a cirurgia robótica ginecológica é indicada?
Na ginecologia, a cirurgia robótica tem sido utilizada como opção à cirurgia convencional (aberta) e à cirurgia videolaparoscópica nos seguintes casos:
Miomectomia
A miomectomia é uma cirurgia indicada para remoção de miomas que causam sintomas que impactam a qualidade de vida da mulher. Ela pode ser realizada por cirurgia robótica nos casos de miomas pediculares (miomas que crescem em direção à parede externa do útero e acabam se destacando do útero, ficando presos por um fino cordão, chamado de pedículo), miomas subserosos (miomas que crescem na parede mais externa do útero) e miomas intramurais (miomas que crescem dentro da parede muscular do útero).
Com essa técnica, é possível remover todos os tamanhos de tumores com um controle melhor de sangramento. Esse fato é especialmente vantajoso nos casos de múltiplos miomas e/ou miomas muito grandes.
Endometriose
A endometriose é uma condição que ocorre quando o endométrio, tecido que reveste a parede interna do útero, cresce e invade outros órgãos, como ovários, bexiga ou intestino. Estes focos de endometriose sangram e podem formar cistos e aderências nesses locais. Estas alterações são progressivas e com o tempo levam a sintomas como cólicas intensas no período menstrual, dor nas relações sexuais, entre outros.
Com a cirurgia robótica, o cirurgião consegue retirar essas lesões com uma grande precisão, incluindo as menores em lugares mais difíceis de chegar, diminuindo o risco de lesar órgãos, vasos sanguíneos e nervos. No caso especial do útero, quanto maior a cicatriz, maior a dificuldade para conseguir engravidar.
Histerectomia
A histerectomia é uma cirurgia de remoção de útero que é especialmente indicada para problemas, como câncer de colo do útero ou câncer nos ovários, miomas, hemorragias, endometriose grave, adenomiose, anemia crônica secundária à hemorragia e refratária ao tratamento clínico ou prolapso uterino.
A cirurgia robótica é uma opção para a realização da histerectomia devido à maior precisão que o procedimento oferece, menor risco de sangramento, menor tempo cirúrgico, menor tempo de internação, menor dor no pós-operatório e recuperação mais rápida.
Tratamento de câncer (colo do útero, endométrio e ovário)
O tratamento dos cânceres ginecológicos podem incluir desde uma pequena cirurgia com apenas a retirada do tumor até cirurgias muito extensas com a retirada de vários órgãos, linfonodos e peritônio. Independentemente da extensão da cirurgia, a realização por via cirurgia robótica trará como benefício: menos dor e recuperação mais rápida.
Além disso, com a técnica minimamente invasiva é possível preservar melhor os tecidos vizinhos ao tumor, reduzindo os riscos de lesão nervosa e sangramentos intensos, diminuindo assim as chances de transfusão.
Quais os benefícios da cirurgia robótica ginecológica em comparação com a cirurgia convencional?
Tradicionalmente, as cirurgias realizadas para o tratamento de câncer ginecológico eram realizadas via abdominal, com cortes verticais maiores de 10 cm na região. Estes cortes aumentavam o tempo de recuperação e causavam mais dor e cicatrizes maiores, quando comparados à cirurgia robótica.
As principais vantagens da cirurgia robótica em relação à cirurgia convencional são:
Recuperação mais rápida
A cirurgia robótica proporciona uma recuperação mais rápida do paciente, com menor tempo de internação e menos dor no pós-operatório, tendo retorno às atividades cotidianas em menos tempo quando à cirurgia convencional.
Procedimento minimamente invasivo
Por usar incisões menores, a cirurgia robótica é menos invasiva, o que contribui para a preservação de tecidos adjacentes à área operada. Isso é possível graças à utilização de pinças finas e alongadas e da câmera 3D, que amplia as imagens em até 12 vezes, o que favorece o controle da dissecção.
Nunca será preciso aumentar o tamanho e a profundidade do corte para melhorar a visualização das estruturas, que serão ressecadas ou preservadas, e da hemostasia (corte e cauterização de vasos sanguíneos), diminuindo o risco para transfusão.
Menos chances de lesões e sangramento
Essa é uma vantagem importante da cirurgia robótica. Por permitir cortes menores e mais precisos, causa menos sangramento e necessita de menos tempo de internação, consegue-se reduzir o risco de a paciente contrair infecções. Já a precisão de movimentos alcançada com os movimentos realizados pelo robô ajuda a diminuir o tempo cirúrgico e reduz o risco de lesões a tecidos e estruturas próximas.
Como a cirurgia robótica funciona?
A cirurgia robótica é uma forma avançada de cirurgia minimamente invasiva na qual o cirurgião usa um robô controlado por um console e joysticks para auxiliá-lo no procedimento cirúrgico.
O cirurgião trabalha a partir de um console de computador na sala de cirurgia, controlando um robô cirúrgico que possui instrumentos miniaturizados montados em braços robóticos. Para a realização da cirurgia robótica, são feitas de 3 a 4 incisões de cerca de 8 mm no abdômen.
Uma câmera 3D acoplada a outro braço robótico permite que o cirurgião visualize o local da cirurgia em tamanho ampliado e com riqueza de detalhes. À medida que o cirurgião movimenta a mão, os movimentos são transmitidos através do console cirúrgico para os instrumentos acoplados aos braços do robô. Há sempre uma equipe cirúrgica que supervisiona o robô à beira do leito do paciente.
A cirurgia robótica é realizada em ambiente hospitalar, com o paciente sob anestesia geral. Antes de dar início à operação, o cirurgião infla o abdômen do paciente com gás carbônico, o que facilita a inserção dos instrumentos e a melhor visualização das estruturas, além de reduzir o sangramento, por compressão.
O sistema robótico não é programável e não faz nenhum movimento próprio, sendo completamente controlado pelo cirurgião.
Como é o pós-operatório da cirurgia robótica?
A recuperação após a cirurgia robótica geralmente é tranquila, sem intercorrências. A maioria dos pacientes recebe alta em 24 horas (dependendo do tipo de cirurgia esse tempo pode ser maior) e, em casa, deve seguir as recomendações pós-operatórias transmitidas pela equipe médica. Dentre elas estão:
- Não dirigir pelos primeiros dias após a cirurgia robótica;
- Não carregar peso;
- Não manter relações sexuais;
- Não realizar atividades físicas;
- Fazer uso das medicações prescritas pelo médico.
Dependendo do tipo de cirurgia robótica que é realizada, a maioria das pacientes pode retornar às atividades normais dentro de duas a seis semanas.
Diferença entre cirurgia robótica e videolaparoscopia
A cirurgia robótica e a videolaparoscopia são técnicas cirúrgicas minimamente invasivas bastante semelhantes. A cirurgia laparoscópica é uma evolução em relação à cirurgia convencional, mas é inferior à robótica. A cirurgia robótica e laparoscópica tem algumas semelhanças: em ambas, são realizadas pequenas incisões no abdômen pelas quais o cirurgião insere os instrumentos cirúrgicos e uma pequena câmera. Além disso, as taxas de sangramento e transfusão são baixas tanto na laparoscopia como na cirurgia robótica, uma vez que em ambas as cirurgias é insuflado gás carbônico na cavidade abdominal, o que aumenta a pressão e diminui sangramentos difusos.
A dor, por sua vez, é menor em ambos os procedimentos em relação à cirurgia convencional, e as pacientes voltam mais cedo para casa, para o trabalho, para o lazer e para o esporte.
No entanto, a cirurgia robótica tem vantagens importantes:
- Na cirurgia robótica, o cirurgião tem uma visão 3D que pode ampliar em até 12 vezes a imagem para observar pequenos detalhes. O médico consegue enxergar as estruturas com mais precisão, cada uma no seu local, uma na frente, uma atrás, uma ao lado. No entanto, na laparoscopia, o cirurgião tem uma visão 2D, que permite uma menor noção de profundidade, diminuindo a precisão.
- Na cirurgia robótica, as pinças da cirurgia são articuladas, o que permite movimentos menores ou de maior amplitude e fazer “curvas” mais facilmente. Além disso, as pinças são mais curtas, facilitando o trabalho de secções e de dar pontos e nós (o que reflete em ganho de tempo cirúrgico).
- Na cirurgia robótica, as pinças e a câmera ficam ligadas a braços robóticos e o cirurgião fica posicionado na unidade de controle de onde enxerga a área da cirurgia em uma tela e controla os movimentos que serão executados pelos braços robóticos; portanto, não haverá oscilações nem tremores. Na cirurgia laparoscópica, pinças e câmera ficam nas mãos dos cirurgiões.
Fontes
Hospital Israelita Albert Einstein
Sociedade Brasileira de Videocirurgia, Robótica e Digital (Sobracil)